A princípio, a acessibilidade metodológica (também conhecida como acessibilidade pedagógica) envolve a diversificação de metodologias e técnicas para viabilizar total acesso de pessoas com deficiências à educação.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, os quais 582 mil são pessoas cegas e 6 milhões apresentam baixa visão (IBGE, 2010).
Entretanto, mesmo com a obrigatoriedade da lei que prevê os direitos das pessoas PcD, elas ainda continuam a lutar contra a desvantagem social para conquistar a sua cidadania, além de serem excluídas das universidades e do mercado de trabalho.
Como aplicar a acessibilidade metodológica (ou pedagógica) nos espaços?
De início, é vital reivindicar e conferir se existem no ambiente os recursos de tecnologia assistiva necessários, princialmente nas sala de aula e nos espaços de trabalho, incentivando a permanência da pessoa com deficiência nesses espaços.
Desse modo, garantir essa acessibilidade implica em derrubar as barreiras metodológicas de forma a facilitar a interação na relação ensino-aprendizagem dos alunos com deficiências, bem como inseri-los no mercado de trabalho.
Portanto, garantir esse direito implica em produzir conhecimento sobre esse assunto, além de adotar recursos de Tecnologia Assistiva – mais especificamente os relacionados às tecnologias digitais – porque isso melhora as condições de acesso, principalmente às escolas e universidades.
Leia mais em: Acessibilidade Digital: conceito, objetivos, estratégias e benefícios
Desafios da acessibilidade metodológica (ou pedagógica)
Infelizmente, os recursos tecnológicos que facilitam o acesso ainda são poucos disponíveis para a maioria da população PcD e não acompanham a velocidade da transformação tecnológica/digital.
Sobretudo nos espaços das salas de aula, bem como nos ambientes corporativos de trabalho no sistema público, tais recursos quase nunca estão adaptados para o uso comum de pessoas com deficiências.
Em outras palavras, é notória a necessidade de se promover adaptações necessárias urgentes para que ocorram ofertas melhores de ensino e trabalho para a população PcD: se não de forma igualitária, no mínimo mais equitativa para todas as pessoas.
Acima de tudo, quando NÃO SEGUIMOS AS REGRAS DE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE, estamos indo CONTRA A NOSSA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO.
Antes de tudo, a nossa carta constitucional é um instrumento amplo norteador, que aborda a totalidade dos direitos básicos e fundamentais para se preservar a integralidade da vida e da dignidade da pessoa humana.
Check list da acessibilidade metodológica (ou pedagógica) na sala de aula:
- Diversificar os métodos e técnicas de ensino
- Flexibilizar o tempo de provas e tarefas
- Utilizar recursos de acessibilidade, como:
-
- Livros e textos em braille
- Textos com fonte ampliada e contraste de cores
- Audiolivros e textos impressos em braille
- Pranchas de comunicação e tablets
- Softwares ampliadores de comunicação alternativa
- Leitores de tela
Check list da acessibilidade metodológica (ou pedagógica) no ambiente de trabalho:
- Adequar ambientes, salas, escritórios e postos de trabalho para colaboradores com deficiências
- Utilizar recursos de acessibilidade, como:
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- Leitores de tela e documentos em braille
- Quadro de avisos e anúncios em múltiplas vias de comunicação
- Software para superar barreiras para o uso de teclados, acessórios, ferramentas e objetos
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Imagem: quatro pessoas sendo uma cadeirante trabalham juntas à mesa de escritório adaptado. Fonte: FreePik.
Avanços na acessibilidade metodológica (ou pedagógica)
Dentre alguns avanços nessa luta, temos algumas leis e tratados recentes que tratam da questão da acessibilidade pelo modelo social da deficiência, ao invés do antigo“modelo biomédico,” pois este costumava ver a deficiência como um problema da pessoa, focando na condição de saúde dela.
A princípio se achava que a deficiência estava na pessoa, e não na sociedade. Tal interpretação alimentava esteriótipos e estigmas sociais contra a população PcD (como o capacitismo). Então essa mudança na orientação do aparelho legal já um avanço, ainda que simbólico.
Primordialmente, bons exemplos desses aparelhos normativos mais recentes são a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão – LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.
Outro avanço são a introdução (ainda que aos poucos) das tecnologias assistivas, enquanto estratégias para facilitar a inserção das pessoas PcD nos espaços. Porque elas garantem equiparação de oportunidades e promoção da independência.
Acima de tudo, tais estratégias devem ser utilizada como um caminho, instrumento e ferramenta com o objetivo de promover capacidades e ampliar o acesso a fim de superar os desafios para a população PcD.
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REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação. Referenciais de acessibilidade na educação superior e a avaliação in loco do sistema nacional de avaliação da educação superior (SINAES). Brasília, DF: Ministério da Educação, 2013. Disponível http://www.ampesc.org.br/_arquivos/download/1382550379.pdf. Acesso em: 26 maio de 2025.
CORREIA, V. do C.; LACERDA, T. C. .; SOARES, I. da S. ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA NO ENSINO SUPERIOR: RECURSOS DIDÁTICOS PARA A PERMANÊNCIA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA ATUALIDADE. Cenas Educacionais, [S. l.], v. 4, p. e11739, 2021. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/cenaseducacionais/article/view/11739. Acesso em: 26 maio de 2025.
INSTITUTO INCLUSÃO BRASIL. TIPOS DE ACESSIBILIDADE. Por: Marina S. R. Almeida. Disponível em: