Pessoas com deficiência poderão enfrentar desafios particularmente significativos em situações de urgência quando suas necessidades não são levadas em conta. Em caso de incêndio, desabamento, enchente ou evacuação de edifícios, por exemplo, indivíduos com mobilidade reduzida enfrentam riscos maiores se o plano de emergência não considerar as suas demandas.
É preciso ressaltar que garantir a todos o direito de se proteger com autonomia e segurança em momentos de perigo ou grande risco não é somente uma obrigação prevista por lei, mas – em primeiro lugar – um compromisso com a vida humana. Dessa forma, é importante ter pessoas com deficiência em mente quando pensamos em segurança diante de uma ameaça iminente.
Um aspecto essencial da inclusão é o bem estar. Precisamos permitir que uma pessoa com deficiência não somente entre em um prédio, mas também que tenha a sua disposição todos os aparatos para sair em segurança se preciso for.
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Porque a acessibilidade em emergências importa
Segundos podem definir a diferença entre a vida e a morte em situações de emergência. Pessoas com deficiência visual, auditiva, motora ou intelectual, assim como idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida, precisam de rotas, informações e protocolos acessíveis para que possam reagir de maneira ágil.
Além disso, é primordial que o ambiente ofereça recursos e sinalizações que permitam evacuação autônoma, já que nem sempre haverá outra pessoa para oferecer ajuda. Isso tudo, conforme já mencionado, é uma obrigação legal. Entretanto, é preciso assegurar que tais ações sejam, de fato, colocadas em prática.
A Norma Brasileira NBR 9050, que serve a função de estabelecer critérios de acessibilidade a edificações, mobiliário e outros espaços urbanos, prevê diretrizes para segurança em emergências e de forma geral. Algumas das determinações da norma incluem:
Presença do piso tátil: esse é um tipo de piso que possui textura e cor diferente do piso adjacente, e serve de orientação. Segundo consta na norma, são de dois tipos: piso tátil de alerta e piso tátil direcional.
Rota acessível: a rota acessível nada mais é do que “um trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações”.
Rota de fuga: um trajeto protegido que o usuário possa percorrer diante de qualquer cenário perigoso, saindo de qualquer ponto da edificação até chegar a uma área segura.
Área de refúgio ou resgate: local especial com acesso direto para uma saída, que visa oferecer segurança a pessoas com deficiência que aguardam socorro.
Sinalização sonora e visual em áreas de risco: é preciso que haja uma sinalização eficiente e que funcione para todos.
É válido frisar a nota que acompanha a norma:
“Para serem considerados acessíveis, todos os espaços, edificações, mobiliários e equipamentos
urbanos que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como as reformas
e ampliações de edificações e equipamentos urbanos, atendem ao disposto nesta Norma.” – Norma Brasileira NBR 9050
Mesmo com toda a regulamentação prévia, ainda existem muitas as barreiras que dificultam uma evacuação segura e eficiente para pessoas com deficiência. Entre os problema mais comuns, alguns se destacam. Um deles é a falta de treinamento das equipes. É indispensável que quem trabalha no local saiba como ajudar corretamente.
Outra questão que pode dificultar a vida de uma pessoa com deficiência é uma rota de fuga com obstáculos. Dentre estes, podemos citar portas muitas pesadas, corredores estreitos demais para uma locomoção plena ou até mesmo saídas mal sinalizadas.
A sinalização multissensorial também é relevante. Alarmes visuais, como luzes que piscam, placas com símbolos, avisos em braille e informações em Libras ajudam a alertar diferentes perfis de usuários. Mapas táteis e cartazes com mensagens em linguagem simples também não podem faltar.
Apesar do debate quanto a segurança em espaços públicos ser proeminente, é necessário pontuar que medidas de segurança em caso de emergências dentro de casa são também vitais. Ambientes residenciais também precisam estar preparados, especialmente onde vivem pessoas com deficiência.
Antes de mais nada, é bom ter passagens livres e que possibilitem a circulação sem grandes dificuldades. A utilização de detectores de fumaça com sinalização sonora e visual é outra medida de precaução que pode ser fundamental para garantir a proteção de todos, assim como ter um plano de evacuação já organizado em mente.