O conceito de acessibilidade urbana está relacionado ao não impedimento – no espaço da cidade. O livre trânsito de toda e qualquer pessoa precisa ocorrer a despeito de suas necessidades de locomoção.
Isso tem a ver também com a questão da mobilidade urbana que é o direto de se locomover pela cidade.
Acessibilidade urbana também se relaciona com a acessibilidade ao direito à cidade porque viabiliza o dirito básico e essencial de ir e vir, pressuposto de liberdade.
O direito de ir e vir é fundamental para a vida social, bem como o direito à liberdade individual. Tal direito só é possível de ser acessado se o espaço urbano for adequado à todas as pessoas, indiscriminadamente.
O que requer estratégias preventivas para tornar a cidade mais acolhedora e adequada para a circulação de diferentes tipos de pedestres, principalmente as pessoas com deficiência.
Saiba mais em: Acessibilidade programática: avanços e desafios
Acessibilidade urbana: espaço e transporte
A acessibilidade urbana é resultado da conectividade e da performance dos sistemas de transporte. Juntamente com a organização espacial das cidades em termos de distribuição populacional, de atividades econômicas e de serviços públicos em seus territórios.
Portanto, tudo que uma cidade precisa para ser inclusiva é promover um planejamento urbano e de transportes orientado para a promoção de melhores condições de acessibilidade.
Em outras palavras, contribuir para um desenvolvimento urbano mais sustentável e inclusivo é facilitar o acesso de todas as pessoas à cidade através de uma rede de transporte acessível, eficiente e de qualidade.
Os níveis de acessibilidade urbana são estabelecidos, portanto, por três componentes distintos: 1) Infraestrutura. 2) Uso do solo. 3) Pessoas.
Analisando os dados espaciais e de redes de transporte de uma determinada cidade é possível calcular suas estimativas de acessibilidade. Considerando os diferentes modos de transporte dá para visualizar esses resultados em mapas e gráficos e compreender as condições de mobilidade urbana em cada contexto.
Saiba mais em: Serviços de acessibilidade no Rio de Janeiro
Diferença entre microacessibilidade e acessibilidade urbana
Antes de mais nada, o termo acessibilidade é comumente utilizado para se referir a questões de padrões e normas de design universal e de construção e planejamento. Tais elementos permitem a inclusão de pessoas com diferentes graus de dificuldades motoras e cognitivas. Isso é o que normalmente entende-se por microacessibilidade, pois abrange questões de acesso a serviços e atividades na escala micro.
Por exemplo, trata de como características do planejamento de espaços públicos e privados e o projeto de construção de edifícios e veículos afetam a capacidade de cada indivíduo de conseguir acessar lugares, serviços, produtos etc.
Portanto, a acessibilidade urbana, por sua vez, pode ser entendida como macroacessibilidade, pois trata de questões de acesso de uma maneira mais ampla. Quando falamos de acessibilidade urbana, nos concentramos em questões estruturais de planejamento e desenvolvimento urbano.
Ou seja, em como a disposição de corredores de transportes e a distribuição espacial de pessoas e atividades, por exemplo, impactam a capacidade das pessoas de acessar oportunidades.
Nesse sentido, a acessibilidade urbana é a capacidade das pessoas de acessar atividades. Essa capacidade é determinada tanto pela capacidade das pessoas de utilizar tecnologias de transporte quanto pela co-distribuição espacial entre pessoas e atividades, bem como pela cobertura e conectividade da rede de transporte.
Condições de acesso da população ao espaço urbano
Informações de mobilidade são tradicionalmente captadas por meio de pesquisas domiciliares origem-destino. aí a importância do tripé ensino-pesquisa-extensão.
O conceito de acessibilidade, por sua vez, está intrinsecamente relacionado ao potencial que as pessoas têm de alcançar atividades e oportunidades no espaço urbano e melhorar suas vidas. Então, condições de acesso ao espaço urbano implicam em condições melhores de vida, trabalho e acesso a direitos.
Concluindo…
A acessibilidade trata do quão fácil/factível é alcançar um local, enquanto a mobilidade trata dos meios de deslocamento efetivamente utilizados para chegar até ele. Níveis de acessibilidade são, portanto, medidas potenciais, ao passo que os dados de mobilidade descrevem padrões reais, realizados.
Por exemplo é possível acessar muito mais empregos em até trinta minutos com viagens de carro do que com viagens a pé. E embora essa diferença varie muito entre cidades de diferentes tamanhos e níveis de desenvolvimento, os dados de mobilidade influenciam tanto no nível de empregabilidade e quanto na qualidade de vida das pessoas.
Saiba mais em: Acessibilidade arquitetônica: promovendo inclusão nos espaços urbanos
REFERÊNCIA:
PEREIRA, Rafael H. M.; HERSZENHUT, Daniel. Introdução à acessibilidade urbana: um guia prático em R. Brasília, DF: Ipea, 2023. 155 p., il. color. ISBN: 978-65-5635-054-7. DOI: http://dx.doi.org/10.38116/9786556350547. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/12264/51/Introducao_a_acessibilidade_urbana_selo.pdf. Acesso em: 31 de março de 2025.