Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida podem enfrentar desafios significativos ao tentarem realizar tarefas que, em teoria, deveriam ser simples. Isso acontece quando o ambiente não conta com os recursos necessários para garantir que todos os frequentadores tenham uma experiência plena e confortável.
As farmácias são um exemplo de espaço que fazem parte da vida rotineira de qualquer cidadão, mas nem sempre estão devidamente equipadas e preparadas para receber a todos. Prateleiras altas demais, balcões que não respeitam medidas de acessibilidade e até informações mal comunicadas acabam por tornar o atendimento excludente.
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Barreiras físicas que precisam ser enfrentadas
As barreiras físicas estão entre os primeiros obstáculos enfrentados por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Quando falamos de farmácias, isso não é diferente. Podemos listar alguns exemplos comuns, que incluem:
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Prateleiras altas ou muito profundas: prateleiras muito altas dificultam que pessoas em cadeira de rodas ou de baixa estatura alcancem os produtos.
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Balcões altos e estreitos: comprometem a comunicação e o pagamento, especialmente para quem usa cadeira de rodas.
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Corredores apertados ou obstruídos: impossibilitam uma circulação livre e segura, contrariando normas como a NBR 9050, que define padrões de acessibilidade.
Em outras palavras, soluções simples – como prateleiras em alturas mais baixas ou intermediárias, corredores amplos e balcões adaptados – tornam o espaço mais inclusivo sem afetar em nada a eficiência comercial.
A importância da comunicação acessível
A questão da inclusão não se resume a acessibilidade física. Isso porque não basta chegar ao produto, é preciso compreender suas informações. Pessoas com deficiência visual ou intelectual enfrentam dificuldades quando as farmácias não oferecem certas opções.
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Etiquetas em Braille ou QR Codes acessíveis: esses recursos são essenciais para leitura via celular, o que protege a autonomia dos clientes.
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Informações claras e fontes legíveis: é importante que a comunicação ocorra de maneira clara, e no caso de placas ou avisos, é indispensável um bom contraste de cores para baixa visão.
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Sinalização simples e objetiva: essa é uma forma eficaz de auxiliar os frequentadores do local na localização de setores e balcões de atendimento.
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Atendimento humanizado e o papel dos funcionários
O atendimento presencial é outro ponto-chave da inclusão. Mesmo com prateleiras adaptadas e boa sinalização, a experiência do cliente pode ser prejudicada se a equipe não estiver preparada. Entre os principais cuidados, alguns se destacam.
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Treinamento em atendimento prioritário e acessível: é importante que os colaboradores estejam aptos para resolver qualquer situação envolvendo pessoas com deficiência.
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Noções básicas de Libras, para comunicação com pessoas surdas: é fundamental que pessoas surdas consigam se comunicar com quem trabalha no local.
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Disponibilidade para auxiliar no alcance de produtos ou na leitura de informações: caso o cliente necessite de algum tipo específico de auxílio, é dever do funcionário oferecer a orientação correta.
Inclusão que beneficia a todos
Acessibilidade vai muito além de rampas ou vagas preferenciais. Antes de mais nada, trata-se de garantir que qualquer pessoa possa participar da vida em sociedade sem ressalvas ou dificuldades a mais. Esse conceito, aliás, inclui todo tipo de comércio, incluindo também as farmácias.
Esses estabelecimentos desempenham um papel essencial na saúde e no bem-estar da população. Ao investir em ambientes acessíveis, desde a entrada até o atendimento no caixa, reforçam seu papel social enquanto também cumprem a lei.
Em outras palavras, ao investir em acessibilidade, as farmácias ganham em credibilidade ao demonstrar compromisso com o bem de todos, fidelizam clientes e contribuem para uma realidade mais justa e inclusiva.
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A Lei Brasileira de Inclusão e o direito à acessibilidade
É sempre preciso reforçar que a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) determina que a acessibilidade deve estar presente em todos os ambientes públicos e privados de uso coletivo, o que inclui farmácias e drogarias. Isso significa que corredores, prateleiras, balcões e banheiros precisam seguir normas técnicas pré-estabelecidas.
“Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”
Além disso, a legislação determina que barreiras arquitetônicas e comunicacionais devem ser eliminadas de forma integral, assegurando, dessa forma, autonomia e igualdade de condições para pessoas com deficiência em qualquer âmbito da vida.